A chegada de imigrantes pomeranos em solo gaúcho, aconteceu na segunda metade do século XIX. Famílias inteiras saíram da Europa, após a Guerra Mundial, para fugir das perseguições sofridas e da situação de extrema miséria em que passaram a viver ao perderem suas terras, o seu meio de sustento. A sociedade que se encontrava estruturada no Sistema Feudal, experimentou um período de crise econômica e social, ocasionadas pela implantação do sistema capitalista.
Em busca de paz e de novas oportunidades, imigraram para o Brasil e se estabeleceram nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Espírito Santo. No Rio Grande instalaram-se numa área situada no interior de São Lourenço do Sul.
Aqui chegando, encontraram uma grande quantidade de água e um território cujo solo era muito fértil, diferente daquele com características arenosas, úmida e pouco fértil a que estavam acostumados. As terras gaúchas eram muito propícias ao seu trabalho, visto que eram camponeses e viviam basicamente da agricultura de subsistência. Desenvolveram aqui, o plantio de batatas sem a utilização de agrotóxicos, cultivavam frutas e produziam doces em pasta, compotas, geléias e frutas cristalizadas. Fabricavam queijos, linguiças e peito de ganso defumado. Utilizavam fogão a lenha para a produção de seus pães e cucas.
A Pomerânia era uma nação Eslava extinta, atualmente polonesa, localizada entre Alemanha e Polônia. Sua população era composta por camponeses de origem germânica, com dialeto próprio, praticantes da religião luterana, onde eram comuns os cantos de coral; rudes, mas ao mesmo tempo fortes, com muita luta, venceram os desafios em terras distantes. Sua história e tradição mantêm-se conservada até hoje, e o Brasil é o único país do mundo onde ainda falam o dialeto pomerano.
O grande responsável pela missão colonizadora na região foi Jacob Rheingantz, um empresário que cuidou de todo o processo, desde as campanhas para atrair os colonos europeus, até o fluxo colonizador. Precisavam urgentemente povoar a região e “branquear” a população, já que se vinham miscigenando índios e africanos.
Através do roteiro turístico “Caminho Pomerano”, na colônia de São Lourenço do Sul, é possível conhecer a vida no campo, refazer o caminho que os primeiros imigrantes fizeram ao desembarcar na região, através da visitação de prédios com alguma significação histórica, como a casa onde morou o colonizador Rheincantz e hoje transformada em museu.
Os múltiplos encantos da serra dos tapes, a rusticidade da paisagem natural e das construções existentes, aliada a simplicidade e o envolvimento dos descendentes dos colonos, tornam a história mais atraente e real, aos olhos dos visitantes, finalizando-se o passeio, com um delicioso café colonial.
Nas encenações que acontecem em uma das propriedades, integrantes da família relatam como eram os casamentos pomeranos. Todo um ritual característico, como o “convidador”, que saía a cavalo, passando nas casas vizinhas a fazer os convites para a festa, até o comportamento das famílias que os recebiam e anexavam fitas coloridas em sua vestimenta como sinal que haviam aceitado o convite. Outro fato marcante é a tradição das noivas casarem de preto. Maneira encontrada para protestar, exteriorizar a tristeza e revolta diante dos abusos e da humilhação sofrida pelos senhores feudais, que se apoderavam das noivas em sua primeira noite de lua de mel antes mesmo dos noivos.
Projeto turístico que contempla toda a sociedade, proporcionando divertimento, experiência histórica-cultural aos visitantes, beneficiando as famílias rurais e o desenvolvimento local. A atividade turística além de valorizar a etnia, apresenta-se como fonte complementar de renda, estimulando a permanência das famílias nas propriedades. O trabalho é desenvolvido com pluriatividade, utilizando do patrimônio existente na região.
Conheci o roteiro na Semana de Turismo Rural da Costa Doce e fiquei fascinada, querendo conhecer mais sobre essa etnia, logo, o “Caminho Pomerano” tornou-se o meu roteiro de desejo. Para quem, assim como eu, aprecia o meio rural e se interessou pela história desse povo, ou foram atraídos, mesmo que apenas pelo café colonial, acredito que o passeio pode ser uma experiência inesquecível.
Fontes:
Palestra ministrada pela professora Regina Simões, diretora da Agência Receptiva Doce Lagoa Turismo - Caminho Pomerano, no 1º Seminário de Turismo Rural na Costa Doce – Pelotas, 08 de outubro de 2010- “Apresentação das Rotas Turísticas”.
RS Virtual. Disponível em:
FERREIRA, Maria Letícia Mazzucchi e Heiden Roberto. Políticas patrimoniais e reinvenção do passado: os pomeranos de São Lourenço do Sul, Brasil. Disponível em
SATOLEP -RS
Nenhum comentário:
Postar um comentário